quarta-feira, 1 de novembro de 2017

BIBLIOTECA E BIBLIOTECA ESCOLAR EM DADOS



BIBLIOTECA E BIBLIOTECA ESCOLAR EM DADOS
Autora: Judy Rosas

É necessário discutir o papel da biblioteca e a situação deste tipo de equipamento de disseminação de informação, conhecimento e convivências no Brasil.
Na terceira edição da pesquisa intitulada Retratos da Leitura no Brasil, Pansa afirma que “não basta investir em bibliotecas se o leitor não for cativado” (2012, p.9).
No entanto, existe uma quantidade reduzida de bibliotecas no Brasil, expressa na média por habitantes. Segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), órgão vinculado ao Ministério da Cultura, a média nacional em 2014, era de uma biblioteca para 33mil habitantes. Em Alagoas havia uma biblioteca para 29.000 habitantes, e na Paraíba havia uma para 17.000 (SNBP, 2014).
A publicação do Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2014), mostrou que, na prática, muitos desserviços são identificados. Primeiramente é apontado que apenas 1% destas funciona aos domingos. E a própria Biblioteca Nacional, desde 14/07/2013, não funciona mais aos domingos e feriados. Ou seja, nos dias em que a maior parte das pessoas trabalhadoras estão de folga, as bibliotecas não representam alternativa de atividade cultural e/ou lúdica.
Hoje, esta situação pouco mudou e o fato de haver poucas bibliotecas no Brasil, não é indicador de que as existentes sejam muito frequentadas. Ao contrário, observa-se a baixa frequência de pessoas às bibliotecas, em geral entregues aos cuidados de pessoal não qualificado.
Um importante exemplo pode ser observado nas bibliotecas escolares, coordenadas, na sua maioria, por professores e professoras readaptadas da função. Além disso, não raro, é este equipamento, na escola, o local para onde são mandados os estudantes que cometem algum tipo de comportamento considerado indisciplinado e prejudicial ao andamento adequado da aula. É a biblioteca escolar o local dos castigos, e que conta com um agravante à penalidade imposta ao aluno: ler um livro.
Vemos, portanto, que uma prática escolar corriqueira mais afasta que estimula o desenvolvimento do hábito da leitura, além de desvirtuar a real finalidade da biblioteca. Incorre daí a construção de certa impossibilidade de, pela experiência escolar, despertar o interesse e reconhecimento sobre a importância da biblioteca.
Ao lado destas questões observa-se que longe estamos de alcançar o que dispõe a Lei Nº 12.244, sancionada em 24/05/2010, sobre “a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País” (BRASIL, 2010).
Composta por quatro artigos, tal lei prevê que “num prazo máximo de 10 anos, respeitada a profissão de bibliotecário” (ART. 4º), “as instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas” (ART. 1º).
Acrescenta a Lei nº 12.244 que
Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares (PARÁGRAFO ÚNICO).

            Ora, só para iniciar uma breve discussão sobre as consequências e os impactos desta lei, observamos que o setor ‘biblioteca’ é vinculado ao ministério da cultura e às secretarias estaduais e municipais de cultura. Em virtude desta peculiaridade, praticamente não há bibliotecárias ou bibliotecários nas secretarias de educação. E isto é um ponto de dificuldade que exige tanto a realização de concurso público, como o estreitamento prático do vínculo entre cultura e educação no nível das gestões municipais, estaduais e federal.
Inferimos, portanto, que a biblioteca no Brasil só alcançará pleno funcionamento se for capaz de deflagrar um movimento cujo início deve ser o ir além do seu próprio espaço físico para buscar aproximação com pessoas não leitoras. Daí a consideração da importância de proporcionar acesso e frequência às leituras de caráter recreativo na tentativa de formar leitores, e o reconhecimento que a biblioteca deve promover ações que visem o estreitamento do contato com as maiorias populacionais que ainda não a utilizam.

REFERÊNCIAS

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Censo nacional das bibliotecas públicas municipais: estudo quantitativo principais resultados. 2014. Disponível em: <http://forumleitura.org.br/wp-content/uploads/2014/04/Censo-bibliotecas-publicas-brasil.pdf>.

BRASIL. Planalto. Casa Civil. Lei Nº 12.244. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12244.htm>.

PANSA, Karine. Prefácio. Pesquisa retratos da leitura no Brasil. 3.ed. 2012. Disponível em: .

SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS. Dados das bibliotecas públicas no Brasil. 2014. Disponível em: .


ANEXOS

QUADRO 1: NÚMERO DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS POR REGIÃO (última atualização foi em 2015)
REGIÃO
NÚMERO DE BIBLIOTECAS
NORTE
530
NORDESTE
1847
CENTRO-OESTE
501
SUDESTE
1958
SUL
1293
BRASIL (TOTAL)
6102
Fonte: SNBP. Dados das bibliotecas públicas no Brasil.

MÉDIA NACIONAL: 33.923 de habitantes biblioteca por pública.


O BRASIL TEM 139765 ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO


QUADRO 2: NÚMERO DE ESCOLAS DE EF E EM POR REGIÃO, PESO REGIONAL
DE ESCOLAS E ESCOLAS COM BIBLIOTECA (%)
REGIÃO
ESCOLAS
ESCOLAS %
ESCOLAS COM     BIBLIOTECA %
NORTE
21.887,2
15,66
7,59
NORDESTE
65.130,5
46,6
23,02
CENTRO-OESTE
6.429,2
4,60
6,47
SUDESTE
30.273,1
21,66
38,79
SUL
16.058,9
11,49
24,13





Fonte: SNBP. Dados das bibliotecas públicas no Brasil.



0 comentários:

Postar um comentário