Analfabetismo, subescolarização e pobreza no Brasil, hoje.
(Judy Rosas)
Uma das importantes bandeiras cunhadas nos
anos 1500 foi, sem dúvida, a ideia de ‘educação para todos’. Naquele momento,
mesmo sem ser uma unanimidade, já se fazia perceber a importância da educação e
a necessidade de criar possibilidades para que homens e mulheres, crianças,
jovens e adultos, pelo menos, se alfabetizassem.
Quinhentos
anos se passaram e, no mundo, há ainda, segundo a UNESCO, 743 milhões de
pessoas adultas na condição de analfabetas absolutas. No Brasil, um dos países
que contam com mais de 10 milhões de jovens e adultos analfabetos, existem
cerca de 13 milhões de pessoas vivendo nesta condição.
Para
se ter uma ideia do drama que tal situação representa, apresentamos dados
relativos aos 142,8 milhões de pessoas que compõem o eleitorado brasileiro em
2014.
Segundo
o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maior parte dos eleitores não concluiu o
ensino fundamental e representa 43,1 milhões de pessoas. Os que apenas leem e
escrevem contam 17,2 milhões. Os analfabetos e as analfabetas absolutas, são 7,3
milhões de eleitores.
Ainda
hoje quase metade (47,2%) dos eleitores brasileiros não garantiu o nível mínimo
de escolarização preconizado na Constituição Federal promulgada em 1988.
Esta
situação é uma das expressões da desigualdade existente no país, ao lado de
outras formas tão brutais quanto é o analfabetismo em pleno século XXI.
De
acordo com a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em
setembro de 2014, a disparidade de renda entre os mais ricos e os mais pobres no
Brasil aumentou. Esta situação pode ser observada, por exemplo, quando
consideramos o Índice de GINI.
Este
índice mede a concentração de renda e, na prática, compara os 20% mais ricos
com os 20% mais pobres de cada país, numa escala que varia de zero a 1, em que
o zero indica plena igualdade de renda e o 1 expressa a maior desigualdade
possível.
No
Brasil, o coeficiente de GINI que, em 1989, marcava 0,634, ao longo dos anos
2000 apresentou discreta queda, chegando ao patamar de 0,499, em 2012, voltando
a subir no ano seguinte, quando avançou para 0,500.
Ou
seja, em 2013, a renda dos mais ricos era, em média, 50 vezes maior que a renda
dos mais pobres. Vale salientar que a região Nordeste apresentava (e apresenta)
os maiores indicadores de concentração de renda e, portanto, de pobreza.
REFERÊNCIAS
1. AGÊNCIA
BRASIL. Maior parte dos eleitores tem
ensino fundamental incompleto, diz TSE. 29 jul. 2014. Disponível em:
<http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/maior-parte-dos-eleitores-tem-ensino-fundamental-incompleto-diz-tse/>.
Acesso em: 26 out. 2014.
2. BRASIL.
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Censo demográfico 2010. Brasília: 2011. Disponível em:<ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_Gerais_da_Amostra/resultados_gerais_amostra.pdf. Acesso em: 12 ago. 2013>.
3. ______.
Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. PNAD 2014. Disponível em:
<http://www.google.com.br/search?q=pnad+2014+renda&biw=1366&bih=667&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=hN9XVLysOImjgwTQhoHQBg&ved=0CDgQsAQ#facrc=_&imgdii=_&im>.
Acesso em: 24 out. 2014.
4. CARTA
CAPITAL. Brasil está entre os dez países
que concentram a maior parte do número de analfabetos. 29 jan. 2014.
Disponível em:
<http://www.cartacapital.com.br/educacao/taxa-mundial-de-analfabetismo-cai-1-em-11-anos-mostra-relatorio-5540.html>.
Acesso em: 26 out. 2014.
5. DEMOCRACIA
E POLÍTICA. Concentração de renda caiu
no Brasil nos.... democraciapolitica.blogspot.com.
6. WOLFFENBÜTTEL,
Andréa. O que é? Índice de GINI.
Desafios do Desenvolvimento. Ano 1. Edição 4, 01 nov. 2004. Disponível em:
<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2048:catid=28&Itemid=23>.
Acesso em: 26 out. 2014.
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