Quando o burro é gente, a gente se desumaniza.
(Judy Rosas)
É comum na sociedade brasileira o entendimento de que a conexão entre as coisas é resultado da atividade intelectual de indivíduos privilegiados
e inteligentes, que se sobrepõem às pessoas comuns e, portanto, medíocres.
Exemplo
disso é o analfabetismo.
O analfabeto, supostamente não sujeito de sua existência, toma para
si a responsabilidade sobre a sua condição. Representa-se como o incapaz julgando-se
“burro”.
Note-se que ao compararem-se com o burro (o quadrúpede animal de carga), homens e mulheres destituem-se daquilo que os destaca dos demais
seres vivos: a própria hominidade.
Este é o tipo de pensamento que se associa a
outro também muito difundido e aceito como verdade: é o marginal. O que está à
margem, fora de algo que os seres humanos participam.
Na verdade, esta suposta
“marginalização” deve ter o sentido de opressão, visto que ser humano algum
está fora da sociedade. Segundo Paulo Freire, estas pessoas estão, sim, vivendo no interior da sociedade uma
situação de espoliação tal que as transforma em seres para o outro,
heterônomas. Isto é, o em si do ser transforma-se no para si de outro ser que lhe é absolutamente exterior.
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