terça-feira, 7 de outubro de 2014

Breve texto para pensar...


SOBRE O BOOM DE CURSOS TÉCNICOS PARA FORMAÇÃO DE TRABALHADORES E FUTUROS TRABALHADORES NO BRASIL
                                                                                             ( Judy Rosas)


         No Brasil atual, com frequência e destaque, noticia-se que existem vagas sobrando no mercado, mas não há trabalhadores qualificados suficientemente para serem absorvidos.
          De acordo com esta justificativa podemos identificar a expropriação das subjetividades daquelas pessoas “despreparadas” e que são responsáveis pela sua própria sina, cuja subalternidade eterniza.
            Em qualquer das fases do capitalismo é falso supor que exista um real interesse ou necessidade de garantir patamares crescentes de escolarização e qualificação dos trabalhadores, de modo a reduzir o abismo existente entre capitalistas e trabalhadores.
        A qualificação do trabalhador, enquanto expressão do aumento quantitativo de ocupações especializadas, é condição para que haja uma subtração real do conhecimento e da ciência para a classe que vive do seu próprio trabalho.
         Isto porque, na perspectiva capitalista, a criação de especialidades também sugere uma ruptura da compreensão global do processo de trabalho e a emergência de formas de organização do trabalho parciais, produtoras de relações que distanciam o produtor do seu produto e do próprio processo de produção.
         Neste sentido, a exigência de dilatação da escolaridade destes sujeitos muito mais serve como “dispositivo de peneiragem” e de justificativa para a não absorção de homens e mulheres no mercado de trabalho, o que confirma a lógica da concorrência capitalista.
         A responsabilidade pelo desemprego e baixo assalariamento, portanto, é remetida aos homens e mulheres cujas “aptidões” não afloram em virtude de certo 'desinteresse' por se qualificarem, como se justifica amplamente. Ao mesmo tempo, porém, reconhecemos que significativa parte das funções exercidas pelos trabalhadores prescinde da maioria dos conhecimentos adquiridos na escola.

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