Breve texto para pensar...
SOBRE
O BOOM DE CURSOS TÉCNICOS PARA
FORMAÇÃO DE TRABALHADORES E FUTUROS TRABALHADORES NO BRASIL
( Judy Rosas)
No Brasil atual, com
frequência e destaque, noticia-se que existem vagas sobrando no mercado, mas
não há trabalhadores qualificados suficientemente para serem absorvidos.
De acordo com esta
justificativa podemos identificar a expropriação das subjetividades daquelas
pessoas “despreparadas” e que são responsáveis pela sua própria sina, cuja
subalternidade eterniza.
Em qualquer das fases do
capitalismo é falso supor que exista um real interesse ou necessidade de
garantir patamares crescentes de escolarização e qualificação dos
trabalhadores, de modo a reduzir o abismo existente entre capitalistas e
trabalhadores.
A qualificação do
trabalhador, enquanto expressão do aumento quantitativo de ocupações
especializadas, é condição para que haja uma subtração real do conhecimento e
da ciência para a classe que vive do seu próprio trabalho.
Isto porque, na perspectiva capitalista, a criação de
especialidades também sugere uma ruptura da compreensão global do processo de
trabalho e a emergência de formas de organização do trabalho parciais,
produtoras de relações que distanciam o produtor do seu produto e do próprio processo
de produção.
Neste sentido, a exigência de dilatação da escolaridade
destes sujeitos muito mais serve como “dispositivo de peneiragem” e de
justificativa para a não absorção de homens e mulheres no mercado de trabalho,
o que confirma a lógica da concorrência capitalista.
A responsabilidade pelo desemprego e baixo assalariamento,
portanto, é remetida aos homens e mulheres cujas “aptidões” não afloram em
virtude de certo 'desinteresse' por se qualificarem, como se justifica amplamente. Ao mesmo tempo, porém, reconhecemos que
significativa parte das funções exercidas pelos trabalhadores prescinde da
maioria dos conhecimentos adquiridos na escola.
0 comentários:
Postar um comentário